sábado, 24 de maio de 2008

Debate muito esclarecedor...entre quem quer ser poder




Debate entre os quatro candidatos restantes à liderança social-democrata



O significado do liberalismo de Pedro Passos Coelho, as suas afirmações e de Ferreira Leite sobre o SNS e as diferenças em relação à carga fiscal estiveram ontem no centro do primeiro debate televisivo entre os quatro candidatos restantes à liderança do PSD, realizado na TVI.
No início do debate, a jornalista da TVI Manuela Moura Guedes pediu directamente a Passos Coelho para explicar o alcance liberal das suas propostas. O ex-presidente da JSD recordou que Francisco Sá Carneiro começou como deputado da chamada Ala Liberal, no tempo do Estado Novo. "Liberal significa, dentro do PSD e na sua raiz identitária, lutar pela liberdade política, pela liberdade económica", respondeu.

Contrariando esta afirmação, Manuela Ferreira Leite afirmou que efectivamente, "em termos económicos ser liberal não tem o significado que Passos Coelho lhe dava mas que significava pràticamente tornar o papel do Estado inexistente", fazendo com que Passos Coelho lhe tivesse perguntado se não concordava com a desestatização da economia iniciada nos governos de Cavaco Silva.
A ex-ministra das Finanças
respondeu que concorda com algumas posições de Passos Coelho, mas discorda de outras, como a da privatização da Caixa Geral de Depósitos "porque exactamente o liberal toma as decisões sem sequer ver quais as circunstâncias que o país atravessa", ficando no ar a dúvida sobre a que tipo de "liberalismo" se estava a referir, se ao de Passos Coelho se ao seu próprio, demonstrado na sua actuação como ex-ministra das Finanças, em que conduziu o País a um deficit de cerca de 7%.
Intervindo em tom moderador, Pedro Santana Lopes procurou fazer a síntese da troca de argumentos entre os seus dois adversários dizendo que: "O que ambos querem dizer é liberdade no plano político, garantia dos direitos, liberdades e garantias, mais intervenção do Estado na solidariedade social e na regulação económica", mas afinal realçando conceitos genéricos sobre preceitos constitucionais consensuais e uma contradição total sobre o entendimento da noção real de "liberalismo económico" transmitida por Ferreira Leite, o que lança sobre os tele-espectadores a dúvida sobre se algum dos intervenientes até então está perfeitamente ciente de qual a sua real postura político-económica caso vença as eleições de 2009.
À insistência da jornalista em saber se Passos Coelho "é liberal ou não no código laboral" o candidato declarou-se a favor de maior flexibilização, designadamente nos despedimentos individuais, mas contra "a lei da selva em matéria de contratação".

Quanto ao código laboral, Ferreira Leite alegou que apenas se conhecem "ideias genéricas" da proposta de revisão do Governo.

Segundo Pedro Santana Lopes, é necessário mudar a legislação, mas "não exactamente" como propõe o executivo do PS.

Em matéria de impostos, Santana Lopes considerou que "pode e deve-se" descer os impostos, enquanto Ferreira Leite reiterou que "a situação tal como está e como este Governo tem conduzido não dá margem para baixar os impostos".

Por seu lado, Mário Patinha Antão lembrou a sua proposta de descida do IVA, IRC e redução do número de escalões do IRS.
Finalmente, e no que se refere ao Serviço Nacional de Saúde, tanto Manuela Ferreira Leite como Pedro Passos Coelho se declararam a favor do fim do Serviço Nacional de Saúde (SNS) tendencialmente gratuito para todos, defendendo que sirva quem tem menos recursos.
"A política da saúde vai ter muita dificuldade em ser financiada da forma como é. Considero que o SNS gratuito ou tendencialmente gratuito para todos é um aspecto que provavelmente vai ter que ser revisto", afirmou Manuela Ferreira Leite.
A candidata à liderança do PSD concluiu que defende "um SNS de qualidade para prestar serviços aos que mais necessitam, aos que têm menos recursos", sustentando que "é uma boa forma de baixar os impostos e criar um melhor serviço de saúde para quem mais precisa".
Santana Lopes,
pelo seu lado afirmou "não ser liberal na área da saúde, considerando que é necessário um SNS universal, tendencialmente gratuito, com as taxas moderadoras, mas não sobre os internamentos e cirurgias.
O ex-primeiro-ministro adiantou que é um "defensor dos seguros de saúde" e de "uma separação clara entre o público e o privado" nesta área.

Veja o artigo original: Liberalismo aos molhos

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