segunda-feira, 31 de março de 2008

A medicina e a ética às avessas

Alguns dos portugueses alegadamente mais qualificados de uma classe profissional do País não político parece que resolveram entrar em concorrência directa com os disparates destes e virar os princípios e a ética que deveriam reger a sua actuação totalmente às avessas, em proveito próprio e sem a menor sombra de vergonha !
Trata-se da classe médica, representada pela sua Ordem profissional, e de uma alegada Associação Portuguesa de Bioética.
Para quem tenha lido o meu artigo anterior sobre o estado actual do exercício da medicina em Portugal - "Medicina, religiões e ética", o que agora se passa não constituirá certamente novidade pois a subversão total de princípios que agora mostram as entidades acima citadas, pela boca dos seus representantes, não é mais do que um corolário do mesmo.
Assim, e citando
"A Associação Portuguesa de Bioética, pela voz do seu presidente Rui Nunes (também director do serviço de Bioética e Ética Médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto), não vê qualquer razão para que as mulheres que têm os seus filhos em serviços de saúde públicos não possam escolher se preferem tê-los de parto natural ou cesariana. Mais do que isso, o grupo de especialistas entende que permitir esta escolha acaba por ser uma medida de justiça social e uma forma de pôr cobro às «disparidades exitentes» entre as possibilidades oferecidas às grávidas que recorrem ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) e às que são acompanhadas em regime privado . Neste momento existe uma «desigualdade gritante» o que não é éticamente aceitável."
Por sua vez, o presidente do colégio da especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos, Luis Graça, vai mais longe:
"se uma mulher pode chegar ao pé do médico e dizer que quer que lhe ponham as maminhas mais altas ou mais baixas, por que razão não há-de dizer que não quer passar pelo trabalho de parto e quer que lhe façam uma cesariana ? Ao assinar o consentimento, a mulher vai partilhar os riscos da intervenção cirúrgica, maiores que no parto vaginal (hemorragia, infecção...)"
Todos sabemos que nos serviços privados existe hoje em dia um número exagerado de cesarianas (superior a 60%), que têm certamente mais a ver com os maiores honorários médicos associados a este procedimento e com a maior possibilidade de programação da actividade dos próprios clínicos do que com a opção consciente das próprias grávidas ! É de todos conhecida uma certa pressão clínica sobre as mesmas.
Por outro lado, e em contraponto desta percentagem no sector privado, a percentagem de cesarianas verificada no sector público em Portugal durante 2006 foi de 32%, acima da média dos países da União Europeia.
Tendo em conta que o nível desta última percentagem não é de modo a poder supôr-se que não foram feitas cesarianas que seriam necessárias no sector público, nada mais se pode inferir que não seja a desmesurada e desavergonhada ambição da classe médica a motivar tais posições.
Isto, mesmo reconhecendo Luis Graça que a intervenção cirúrgica acarreta mais riscos para as grávidas do que o parto natural. E escamoteando totalmente o facto de ser normalmente utilizada a «epidural» de modo a minorar o sofrimento do parto !
Senhores licenciados em medicina e cirurgia envolvidos nesta posição, tenham é um mínimo de VERGONHA !
Não se esqueçam de que a vossa posição de «intermediários-intocáveis» entre os Homens e Deus cada vez está mais fraca. Nunca houve tantas queixas sobre a actuação da classe médica nem tantos processos disciplinares, criminais e cíveis.
E aconselhem a vossa Ordem profissional a não escamotear as actuações dos vossos colegas infractores através do bloqueamento e branqueamento dos diversos processos disciplinares em curso, pois deste modo serão todos metidos no mesmo saco o que não considero justo !

A medicina, as religiões e a ética

São já longínquos os tempos das verdadeiras «vocações» que levavam os jovens a abraçar determinadas profissões que, obrigando a longos e difíceis anos de formação, conduziam finalmente a uma recompensa mais espiritual do que monetária.
Eram disso exemplo a dedicação eclesiástica e a formação em medicina, ambas associadas ao bem mais precioso que temos - a saúde e a vida.
Não admira pois que os portugueses de então vissem o exercício de ambas as vocações como uma certa intermediação com Deus, a medicina como medida tendente a atrasar o fim do percurso terreno - a morte, a Igreja como medida de atenuação da pena divina após a mesma !
Na sua essência, a maneira como os portugueses de hoje lidam com o assunto é muito semelhante, mas com adaptações «práticas» que os tempos modernos ditaram.
Nos dias de hoje
, e apesar de cinicamente se afirmar que os portugueses são maioritàriamente católicos, a verdade é que a prática religiosa e a vocação eclesiástica estão em perfeito declínio face à total materialização da vida actual.
E no que se refere ao exercício da medicina, passou-se de uma «vocação» para o investimento numa profissão altamente lucrativa
, desde que se esteja disposto a dedicar mais anos de estudo do que outra licenciatura alternativa, seguidos de um período também mais ou menos longo de salário mediocre até se atingir o "estrelato".
Tudo se passa ao contrário dos heróis dos tempos modernos - os jogadores de futebol
. Aqueles que têm jeito começam logo pelo "estrelato" aos 18/20 anos, ganham fortunas com benefícios fiscais adequados à presunção de que a sua profissão só difìcilmente pode atingir os trinta e poucos anos e, caso tenham juizo e alguém que vá gerindo bem os seus proveitos, podem construir verdadeiros impérios de cujos lucros irão viver muitissimo bem após os tais trinta e tal anos.
Hoje em dia, em Portugal são já muito poucos os padres
(ou pastores, etc., se nos referirmos a outras Igrejas que não a católica) que baseiem a sua actividade numa verdadeira «vocação evangélica». São disso excepção os missionários ao longo de todo o mundo, pelos quais nutro a maior admiração e respeito.
Por cá, estamos no tempo das igrejas fechadas
alegadamente com medo dos assaltos, dos padres com ordenado fixo (parece que aínda não têm sindicatos...), das missas ditas «económicas», pois que a sua frequência à sexta feira à tarde vale por todo o fim de semana e permite assim que os paroquianos possam ir para a praia ou outro local mais agradável "totalmente isentos de pecados" até ao início da semana seguinte !
Por cá
, e para além daqueles que se acomodaram no percurso e que se arrastam penosamente nos Centros de Saúde públicos sem condições, estamos também no tempo dos chamados «turbo-médicos». Aqueles que começam o seu dia com uma actividade hospitalar pública onde mal olham para os seus doentes contribuintes de taxas moderadoras, seguem pela tarde com uma actividade nos vários hospitais privados agora existentes e cheios à custa dos diversos seguros de saúde actuais e terminam o seu dia de trabalho nos seus consultórios particulares cobrando a quem pode 100, 200 ou 300 euros por consulta de especialidade.
São os mesmos que, há 15 anos, perguntavam aos doentes se queriam recibo ou não pois o preço era diferente para cada caso !
Infelizmente os "João Semana" estão em extinção em Portugal !

domingo, 30 de março de 2008

Comentário no Jornal Público de 30/03/2008

Há três momentos políticos da vida do País que quase deram e dão com os portugueses em doidos !
O PREC, a teoria do oásis do então primeiro ministro Cavaco Silva e a actual perversão da democracia representativa a que a maioria absoluta de um autocrata conduz impunemente até 2009. Como qualquer político que se preza, José Sócrates sabe que está a cair em desgraça em todos os quadrantes, nomeadamente no próprio interior do PS, e quer aguentar-se no balanço «simulando» uma postura mais humana que não é a sua e programando friamente as migalhas que irá atirar aos pombos até às próximas eleições !
Assim, gostaria de dizer que estou farto do José Sócrates, farto da sua arrogância e da política actual do PS. Farto de lhe ver o nariz a crescer e as feições a crispar, sempre de dedo em riste, cada vez que fala.
Chamar-lhe simplesmente Sócrates seria um insulto ao filósofo grego, pelo que aínda estou para saber quem lhe pôs o nome, o Pai ou o Padrinho !

O estado da educação entre 1996 e 2000

Sem querer atribuir responsabilidades a nenhum partido político em particular, pois toda a classe política portuguesa dos últimos 34 anos tem a sua quota parte nas mesmas, aqui ficam os números do insucesso/abandono escolar que o Instituto Nacional de Estatística / INE disponibiliza para o período de 1996 a 2000 (valores actualizados em 26/06/2007).
Face ao que já referi em artigo anterior, caberá ao leitor tirar as conclusões que entender sobre o facto de só estarem disponíveis valores para esse período.
Totais de alunos inscritos no 12º ano via de ensino
  • 1996 - 64.764
  • 1997 - 39.924 (- 38.4%)
  • 1998 - 25004 (- 37.4%)
  • 1999 - 13078 (- 47.7%)
  • 2000 - 8852 (- 32.3%)
  • 2001 - ?
  • 2002 - ???

sábado, 29 de março de 2008

Alguns números da vergonha - parte 1

O Instituto Nacional de Estatística / INE, estando ao serviço dos vários governos ao longo do tempo, apresentou sempre os seus valores conforme os "interesses" de momento do Patrão Estado. Para além do atraso dos mesmos, as omissões foram também ferramentas ao seu serviço !

No entanto, já não há como esconder o Sol com a peneira pois os vários dados publicados, mesmo que desfasados no tempo e utilizando algumas técnicas de diluição da realidade em valores médios, como é exemplo disso o do desemprego, mostram à exaustão o estado calamitoso a que os nossos políticos vêm conduzindo o País ...

População e desemprego (valores actualizados em 15/02/2008)

  • Total = 10.599.095
  • Activa total = 5.627.700
  • Activa empregada = 5.188.200
  • Desempregada = 439.500 (7.8% *)
    (*) valor médio nacional que atenua a incidência por grau de instrução

População e desemprego por grau de instrução (valores actualizados em 15/02/2008)

  • P. Total / Desempregada total = 5.627.700 / 439.500 (7.8%)
  • P. Total / Desempregada s/Instrução = 285.300 / 16.200 (5.7%)
  • P. Total / Desempregada c/1º ciclo básico = 1.519.300 / 102.200 (6.7%)
  • P. Total / Desempregada c/2º ciclo básico = 1.109.300 / 90.300 (8.1%)
  • P. Total / Desempregada c/3º ciclo básico = 1.067.500 / 98.100 (9.2%)
  • P. Total / Desempregada c/ensino (e pós) secundário = 835.400 / 67.100 (8.0%)
  • P. Total / Desempregada c/ensino superior = 810.900 / 65.600 (8.1%)

Analfabetismo por local

  • Total = 9.03%
  • Continente = 8.93%
  • Açores = 9.45%
  • Madeira = 12.71%

Conclusões

  • Os 4.971.395 de inactivos (46.9% do total da população) serão constituidos por idosos, crianças, donas de casa e certamente também por pessoas que aproveitam a oportunidade de conseguirem viver sem trabalhar;
  • Do total de activos, 3.981.400 (70.75%) não possuem um grau mínimo de instrução que lhes permita ultrapassar as transformações associadas à globalização e isso perpetua a situação da nossa economia ao só apresentar como atractivo ao investimento os baixos salários usufruidos. Contudo, continuando a situar-se na cauda da Europa em todos os indicadores e também neste, não consegue ser mais atractiva do que os paises emergentes de leste e os asiáticos, nomeadamente a China; É de referir que neste número se incluem todos aqueles a quem o governo actual resolveu «oferecer» o diploma do 9º ano com base em .... para favorecer as estatísticas.
  • Assim, só 29.25% poderão ser o motor de desenvolvimento do País, havendo a realçar o facto de ser pràticamente igual o número de activos com o secundário e aquele que possui habilitações superiores. Esta igualdade de desemprego mostra que os nossos «brilhantes» empresários, apesar de terem beneficiado de amplas benesses que os diversos governos lhes foram garantindo à custa dos fundos de Bruxelas, continuam a não valorizar a formação dos seus trabalhadores e a apostar numa política de baixos salários que nos não conduz a lugar nenhum, senão ao abismo;
  • Com tanta «farra» e «política de betão» levada a cabo pelo Sr. Alberto João Jardim na Madeira, haverá algum madeirense que se não envergonhe de ter 12.71% de analfabetos na sua população (42.3% mais do que o continente) ?

segunda-feira, 24 de março de 2008

Verdades curtas e dolorosas - parte 1

  • Portugal deixou de ser um Estado de Direito e transformou-se num ajuntamento pantanoso de interesses pessoais.
  • Nos últimos 34 anos os políticos que (des)governaram o País fizeram com que Portugal desperdiçasse a oportunidade de recuperar do seu atraso cultural e estrutural provocado pela longa ditadura em que esteve mergulhado.
  • A verdadeira reforma da educação foi sempre preterida pelas "obras de fachada" e acompanhada pela perda progressiva dos princípios de ética, moral e consciência social.
  • O resultado deste comportamento pecaminoso por parte dos diversos governantes está à vista nas Escolas ! Os professores são agredidos pelo Governo e pelos alunos, os alunos não estudam porque consideram a Escola uma «seca» e todos têm como objectivo máximo de vida serem futebolistas ou modelos !

Os inimputáveis e o Ministério Público

Que treta de País é este em que um político que ocupa uma posição cimeira na hierarquia do Estado, a Presidência do Governo Regional da Madeira, com assento por inerência no Conselho de Estado, se dá ao desfrute de se exibir despudoradamente frente aos meios de comunicação televisivos chamando o Primeiro Ministro do governo da República Portuguesa de "mentiroso" e outras coisas que tal ?
Mesmo sendo verdade, o que infelizmente todos agora constatamos, o cidadão Alberto João Jardim, não se encontra à margem da Lei pois tal facto não o inocenta do crime de injúria agravada à figura do Primeiro Ministro da República Portuguesa, e não ao cidadão Sócrates, previsto nos artsº 181º nº1, 182º,184º por referência ao artº 132º nº2 alínea j) do Código Penal.
E, sendo públicos estes numerosos agraves aos mais altos dignatários da República Portuguesa, neles se incluindo em tempos o actual Presidente da República, não se entende a passividade do Ministério Público face às injúrias proferidas !
Portugal deixou de ser um Estado de Direito e transformou-se numa "República das Bananas"...

domingo, 23 de março de 2008

Guerrinhas corporativas e de títulos académicos

Em resposta a um texto do Bastonário da Ordem dos Engenheiros (OE) sobre a necessidade de ser bem clarificada a proposta de Lei 116/X, publicado no jornal Sol, vêm desta vez no jornal Público as Presidentes dos Conselhos Directivos Regionais do Norte e Sul da Ordem dos Arquitectos (OA), respectivamente Arquitectas Teresa Novais e Leonor Cintra, acompanhadas dos cabeças de lista das três listas concorrentes às eleições da OA, tecer considerações menos agradáveis relativamente ao Bastonário da OE, chamando-lhe implicitamente «burro» por alegadamente "demonstrar um desconhecimento da prática profissional de arquitectura e sua evolução, não entendendo a importância cultural e operativa de uma actividade profissional estratégica para o desenvolvimento do país".
Anda toda a argumentação à volta de um decreto-lei, nº 73 de 1973, pelo qual os engenheiros foram autorizados a assinar projectos de arquitectura, em virtude do reduzido número de arquitectos de então.
Efectivamente, tal solução alegadamente temporária prolongou-se até aos nossos dias como é hábito neste País !
Durante todo este tempo
, com engenheiros a sério, engenheiros que se dizem «técnicos» (como se os anteriores fossem teóricos !), arquitectos a sério não tanto, predominou aquilo a que nos habituámos a chamar de «arquitectura caixote».
Este tipo de arquitectura
, muita das vezes projectada por simples "desenhadores projectistas" e obedecendo aos padrões estéticos e funcionais dos "mestres de obra", foi sancionada pela assinatura de favor (paga, claro !) quer de engenheiros quer de arquitectos sem ética profissional.
Embora se trate igualmente de um ilícito criminal, veja-se como agora se «branqueou» totalmente a questão suscitada pelos projectos que o Sr José Sócrates terá assinado, com o argumento de que se "trata de uma prática comum" e por conseguinte normal !!!
Como se fosse normal roubarmos porque vivemos num País de ladrões...
E até parece que tudo se resume a uma guerrinha de 43.000 engenheiros contra 16.000 arquitectos, ou vice-versa.
Esquecem-se os arguentes, de um lado e de outro, de coisas básicas que é preciso não deixar em claro e lembrar, nomeadamente:
  • Que o início do «boom» da construção coincidiu efectivamente com o advento dos anos 70, altura em que a formação de arquitectos era incipiente. Face ao mercado de trabalho de então, largas centenas de arquitectos disstribuiam-se entre a docência de cadeiras de desenho e geometria descritiva no secundário e o trabalho de tarefeiro como desenhador-projectista nos poucos gabinetes conceituados à época;
  • Entretanto, a formação de engenheiros desenvolvia-se assimètricamente, com predominância da engenharia «civil» sobre todos os outros ramos, por ser este aquele que permitiria uma maior liberdade e abrangência de acção em todos os locais, privados e públicos;
  • A falta de ligação do ensino superior à indústria e vice versa era total !
  • Antes de 25 de Abril de 1974, e no que se refere ao tipo de ensino após a então 4ª classe (actual 4º ano do ensino básico), os alunos podiam enveredar por duas vias - liceal e profissional, a primeira com um cariz mais teórico com vista a uma sequência universitária e a segunda com um cariz mais prático que lhes permitia terminar esta fase da sua formação com uma habilitação profissional concreta. Estes últimos poderiam então, caso assim o pretendessem, inscrever-se nos chamados Institutos Técnicos/Comercial e ao fim de três anos ficavam habilitados com um bacharelato e adquirindo o título académico de "Agente Técnico ...";
  • O 25 de Abril de 1974 veio finalmente trazer a liberdade e a esperança de um País novo, mas na realidade a palavra «liberdade», na sua imensa importância, não se concretizou em liberdade para aproveitar a excepcional oportunidade de mudança que aí se encerra mas sim para a assumpção de que «liberdade» se traduz em fazermos o que queremos, quando queremos e da maneira que queremos, passando por cima de tudo e todos se para isso fôr preciso;
  • Tempos obscuros os do PREC, em que as avaliações dos alunos e as suas licenciaturas eram expressas não por notas mas sim por "apto", os Agentes Técnicos de ... que exigiram passar a ser, por exemplo, Engenheiros Técnicos, afectando para além de outras, a qualidade do ensino de ambas as formações - engenharia e arquitectura;
  • E é como Engenheiro Técnico Civil que o Sr José Sócrates assina vários projectos «de favor» !
  • E são os Agentes Técnicos de ... que invadem as empresas públicas e as nacionalizadas, aí se mantendo durante mais de duas décadas e até chefiando ao longo desse tempo Licenciados com mestrado, alguns deles com funções docentes em reconhecidas universidades. É um exemplo disso a então Direcção de Manutenção e Engenharia da TAP-Portugal (Ex TAP-Transportes Aéreos Portugueses), totalmente dominada pelos mesmos !
  • E a falta de ligação do ensino superior à indústria e vice versa continua a ser total !
  • E parece que nestas guerrinhas corporativas ambas as instituições se estão a esquecer de que, tal como noutras, a actividade da construção deve ser uma actividade multidisciplinar coordenada, sem heróis de nenhum dos lados mas sim dentro da maior colaboração e assumpção das respectivas responsabilidades. Nela não deve haver lugar a pretensões individualistas de autoria com direito a placa de bronze afixada no «caixote», como já tenho visto em relação a alguns arquitectos;
  • ARQUITECTOS com letra grande, tais como Siza ou Portas nunca necessitaram de assinar em chapa as suas obras !
  • Que a OA pugne pela melhoria do ensino da arquitectura em Portugal, nomeadamente no que se refere aos conhecimentos extra arquitectura que deverão conhecer mìnimamente, tais como noções de balanço térmico na construção, resistência dos materiais, etc.. Senão como é que se pode admitir que um arquitecto possa ser o «técnico responsável» de uma obra, como actualmente se verifica ? Se lhe faltarem as noções de balanço térmico a optimizar nos seus projectos como é que se pode considerar equilibrado um projecto de arquitectura que, se puder evitá-la, exija uma compensação térmica exterior consumidora de energia adicional ? E como pode um arquitecto acompanhar a betonização de uma estrutura de uma construção como «responsável técnico» se desconhecer de todo a razão para o tipo de betão a utilizar e a função e disposição do ferro que a compõe ? É que uma construção, ao contrário do que tenho verificado com alguns arquitectos, não se situa no estirador mas sim no terreno !
  • Que a OE pugne pela melhoria do ensino da engenharia em Portugal, nomeadamente agora que o processo de Bolonha está a provocar enormes dificuldades a nível de adaptação e não deixe degradar-se o excelente ensino das universidades de referência do País. E que pugne pelo papel essencial dos engenheiros em todo o processo de construção, com todos os ramos envolvidos, deixando aos arquitectos o papel conceptualista que lhes compete.

sábado, 22 de março de 2008

País rural

Para quem aínda tenha dúvidas sobre o facto de Portugal ser um País de provincianos "armados" em europeus, basta verificar o estado semi-desértico da capital de cada vez que há um feriado que permita uma «pontesita» como a desta Páscoa ! Em Lisboa, parece que estamos nos anos 60 !
Vão de Mercedes, Audis ou BMW e é vê-los em debandada acelerada para a santa territa para ir buscar as couves e as batatas que os desgraçados dos familiares, Pais ou Avós aí produzem para seu sustento.
Alguns, certamente que foram "rezar e comungar" nas igrejas algarvias pois estas estão mais bem situadas do que as da Beiras, já que dispõem de átrio com mar, areia de praia e toldo ou barraca para resguardo do sol.
O Deus que foram adorar é o mesmo dos antigos egipcios - Deus Sol ou RÁ !!!
Ficam os alfacinhas de gema e os imigrantes, que a sua terra ficou bem longe ...

A política em Portugal e o trânsito rodoviário

A política em Portugal está como o trânsito rodoviário, ou seja ... caótica, sem ética e malcriada !

Tal como ao volante, são os oportunistas do poder político já instalados ou os arrivistas recentemente arregimentados que se "safam", invadindo normalmente a faixa de rodagem dos cidadãos cumpridores a quem causam impunemente toda uma série de "danos".

Tal como no trânsito rodoviário, onde a polícia se limita a fazer operações de «show off», também a Procuradoria Geral da República se limita a criar «rigorosos inquéritos» que nunca apontam nenhum culpado !

Quanto ao trânsito rodoviário, e já que os "espertos" não cumpriam o código da estrada, a «inteligentzia" que nos governa resolveu utilizar uma entidade chamada «rotunda» e que tem invadido o País de lés a lés, profusamente vendida no início pela mão do PSD e actualmente pelo PS.

Certamente com lucros partilhados pelos dois e pelas empresas de construção que estão encostadas ao grande "bloco central" de interesses que tem vigorado nesta última república e ao qual os restantes partidos políticos certamente gostariam também de pertencer.

Na política, contudo, parece que o melhor que o presente governo conseguiu fazer foi «atalhar a direito» mesmo sem olhar para a estrada e sujeitando tudo e todos a grandes trambulhões. Mas esqueceu-se de que em "rotunda política" já nós estamos há muito !

Nesta, entram os oportunistas de qualquer direcção e em excesso de velocidade, não se preocupando com quem aí circula segundo as regras, pois sabem que a «rotunda» é sua e podem fazer o que quiserem já que a impunidade judicial lhes é garantida.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Um político de plástico

Logo que o Falcão levantou voo avistou, no meio de uma multidão que enchia o tabuleiro da Ponte 25 de Abril, um homem em calções e Tshirt que dá pelo nome de qualquer coisa ... Sócrates...

O mesmo que motivou o seguinte artigo em 2004, republicado no Público de 8/3/2008!



"Para conhecer o favorito à sucessão de Ferro Rodrigues é bom ler a entrevista que deu, este fim de semana, ao Expresso. O que nela diz e aquilo que omite mostram, com uma crueza que até dói, como José Sócrates faz parte desta nova categoria de políticos de plástico - ou de plasticina, tais as capacidades contorcionistas - que tem como principal activo a popularidade ganha na televisão e o verbo fácil. Ou, pelo menos, aparentemente fácil, porque tudo é estudado ao pormenor, preparado com afinco, muitas vezes não para formar convicções ou tomar decisões, mas para "parecer bem".(...)Sempre que lhe pedem para explicar uma opção de vida ou uma viragem na política, cita um livro ou um filme, pergunta se os entrevistadores o leram ou viram e sublinha como esta ou aquela frase se tornou em lema na sua vida.(...) O tom é sempre o da mais insustentável leveza, chegando ao ponto de não encontrar melhor exemplo para as diferenças entre a esquerda e a direita do que uma frase exaltada sobre o ordenado do director-geral de Impostos. Num ponto, porém, tem razão: falar trinta segundos é uma eternidade e logo se percebe quem não tem nada para dizer. Ora, como a entrevista deve ter sido coisa de horas..."

José Manuel Fernandes, 29.7.2004