sexta-feira, 25 de julho de 2008

O Estado da vergonha que não honra os seus combatentes

A batalha de Guidage, norte da Guiné-Bissau, representou um dos momentos mais críticos das campanhas militares mantidas pelo Estado Novo nas frentes do antigo Ultramar (Angola, Moçambique e Guiné) entre 1961 e 1974.
A emboscada protagonizada pela então guerrilha do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) vitimou os três soldados pára-quedistas que, segundo a agência noticiosa Lusa, serão no próximo sábado alvo de uma última homenagem e sepultados nas suas localidades de origem, 35 anos após os acontecimentos que deram origem à sua morte.
Dada a situação militar extremamente crítica vivida no território, a evacuação dos restos mortais dos militares tornou-se impossível e o lema "ninguém fica para trás" não se cumpriu .
Os restos dos três soldados foram inumados num pequeno cemitério de campanha estabelecido entre as duas redes de arame farpado do aquartelamento.
A transladação para Portugal dos restos dos três soldados vem culminar um esforço iniciado há dois anos por familiares de uma das vítimas e pela Liga dos Combatentes, em que se conjugaram o empenho da União de Pára-quedistas Portugueses e o desejo das famílias .
Trata-se dos três primeiros militares mortos em combate cujos restos mortais são resgatados no âmbito do programa "Conservação das Memórias", lançado há dois anos pela Liga dos Combatentes.
O projecto visa exumar e concentrar em alguns cemitérios (em princípio em África) os restos mortais de todos os militares ali falecidos no decorrer da guerra colonial e que estão dispersos por centenas de locais.
Um País que não honra os seus mortos e deficientes em combate ao serviço da Pátria e em que este tipo de iniciativa tem de partir dos próprios familiares e de uma Associação, não pode ser considerado um Estado de Direito. É uma vergonha nacional governada ao longo destas últimas décadas por um bando de impunes oportunistas !
E, se não os honrou, muito menos honrou os cerca de 500.000 portugueses que, em vez de emigrarem para França ou Brasil, resolveram emigrar para os territórios então portugueses em África, abandonando-os à sua triste sorte no território continental sem nenhum dos seus haveres e quaisquer meios de subsistência.
Permitiu que oportunistas sem escrúpulos enriquecessem à custa de um organismo criado para os apoiar, o IARN (Instituto de Apoio aos Retornados Nacionais), alojando famílias inteiras em exíguos quartos e cobrando ao Estado a que isto tudo chegou preços de quartos individuais.
Por mim, quer-me parecer que muitos dos nossos políticos aínda serão filhos dos tais oportunistas, tais as similitudes de comportamento !

Sem comentários: