quinta-feira, 10 de julho de 2008

A decadência do ensino em Portugal

Ouvi ontem, num dos telejornais de uma qualquer estação televisiva dita generalista, o Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, Prof. Nuno Crato, reafirmar aquilo que já outro dos seus membros havia dito quanto à espantosa «performance» que os nossos alunos do secundário conseguiram obter nos últimos exames de Português e de Matemática.

Quem tenha visto as reportagens televisivas realizadas à saída dos referidos exames e as reacções de "espanto" dos próprios alunos quanto à facilidade das provas não pode deixar de considerar uma autêntica fraude o que este Governo fez para obter estatísticas favoráveis.

Desde a DREN (Direcção Regional de Ensino do Norte) aconselhar a escolha dos professores que iriam corrigir as provas, dentre aqueles que se não afastassem da «média» escolhida, correndo com quaisquer outros independentemente da sua competência, até à Ministra da Educação vir à Televisão dizer que os níveis alcançados eram o resultado do grande esforço conjunto professores/alunos, valeu tudo !

Dos políticos espera-se tudo, mas desta vez não houve um pingo de vergonha na cara de quem esteve envolvido neste "logro nacional".

Logro que não serve os estudantes, porque não aprenderam o que deviam, não serve os Pais, porque os filhos irão tropeçar na falta de conhecimentos, mais cedo ou mais tarde, não serve o País porque se não está a investir verdadeiramente no único bem que pode provocar a «mudança» em Portugal - a Educação.

Só serve os interesses momentâneos da incompetência dos governantes e de todos os que, fingindo agora ser os cordeiros do regime, se comportaram exactamente do mesmo modo quando estiveram instalados no poleiro do poder!

O Prof. Nuno Crato teve a oportunidade de dar um exemplo de uma das perguntas de uma prova de Matemática, a qual é há muito realizada com máquina de calcular e que considerou «trivial»:


  • Calcule o valor de 100 ao quadrado

Tive a sorte de ter tido desde muito cedo bons professores, quer de Português, quer de Matemática, e garanto-lhes que até me sentiria "insultado" se me apresentassem esta pergunta no secundário.

Será justo, nesta altura, recordar com saudade os dois professores de Matemática já falecidos que me «moldaram» e ensinaram tudo o que sabiam, e que era muito, os Prof. Henrique Verol Marques e Nuno Crato, este último o Pai do actual Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática. Bem hajam, porque o saber não se compra, apreende-se e preenche o nosso ser.

Ouviram, Pinto de Sousa e outros que tais ?

E, em relação à avaliação de Português, não arranjo mais nem melhores palavras do que aquelas que Maria Filomena Mónica usou no seu artigo de dia 4 no Jornal Público com o título: Os testes de Português podiam ser substituídos por uns papeluchos como os do Totobola

1 comentário:

Anónimo disse...

Mas pelo sim pelo não, a malta podia jogar com triplas...