sexta-feira, 25 de julho de 2008

Cimeira da CPLP sob o signo das boas intenções e pouco investimento

Os chefes de Estado e de governo da CPLP deram esta sexta-feira o aval aos eixos prioritários da presidência portuguesa da Comunidade lusófona. Na VII Cimeira da CPLP, o primeiro-ministro José Sócrates definiu as prioridades de Lisboa para o biénio 2008-2010: promoção da Língua Portuguesa, cidadania, concertação político-diplomática e reforço da cooperação.

A Cimeira contou a presença dos presidentes de Portugal, Cavaco Silva, Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, Cabo Verde, Pedro Pires, Guiné-Bissau, João Bernardo “Nino” Vieira, São Tomé e Príncipe, Fradique de Menezes, e de Timor-Leste, José Ramos-Horta.

Como já havíamos previsto num post anterior que poderá consultar no final, mais uma vez o auto proclamado Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, não compareceu à cimeira. Certamente devido àquele velho problema das "bitacaias" que o obriga a ir com frequência mais para os lados de leste tratar das unhas dos pés, como já havia acontecido durante a inauguração da EXPO 98, em que foi o único chefe de estado da CPLP que não esteve presente.
A delegação angolana foi liderada pelo primeiro-ministro Fernando Dias dos Santos Piedade “Nandó” e a delegação de Moçambique foi chefiada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Balói.
Língua Portuguesa é “activo fundamental”

O enfoque na promoção da Língua Portuguesa dado quer pelo Presidente Cavaco Silva quer pelo Primeiro Ministro não passa de retórica de quem na realidade sabe que nada se fez pela Língua Portuguesa ao longo de décadas e agora pretende fazer um show off com um mísero orçamento de cerca de 190 mil euros e 1,2 milhões para o secretariado executivo. A prova clara deste desinteresse de décadas e neste caso de séculos é o facto de termos estado 500 anos em Macau e aí termos deixado possìvelmente umas dezenas de pessoas a falar a nossa língua. A linguista angolana Amélia Mingas, da família do MPLA, foi reconduzida no cargo de directora do Instituto Internacional de Língua Portuguesa, sedeado em Cabo Verde.

Curiosidades

Como observadores associados estiveram as Ilhas Maurícias, o Senegal e a Guiné Equatorial, os dois últimos inseridos na zona de influência linguística e económica francesa, a última das quais pretende mesmo aderir à CPLP.

A Guiné Equatorial, com pouco mais de 500 mil habitantes, é governada pelo regime totalitário do Presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que chegou ao poder em 1979 depois de um golpe de Estado e que instituiu como línguas oficiais do País o Português, o Espanhol e o Francês, com vista a tentar a adesão à CPLP. Marcado pela repressão dos opositores ao regime e pela corrupção, o país figura nas listas negras das organizações de defesa dos Direitos Humanos. Contudo, é também rico em reservas de petróleo e gás natural, cobiçadas pelas maiores petrolíferas internacionais.

Ora aquí está um capítulo em que os nossos governantes podem fazer um "brilharete". Numa Comunidade de Estados de Língua Portuguesa (CPLP) e numa Cimeira sob o mote "Língua Portuguesa: Um Património Comum, Um Futuro Global", «roubar» à influência da França logo dois países promissores em riquezas naturais como a pesca, fosfato de cálcio, gás natural e petróleo, muito petróleo é obra!

Também não será nada de novo para os portugueses, já que nos tempos idos das caravelas, os nossos navegadores, os ingleses, e os holandeses por aí já se terão andado a roubar mùtuamente. E com a experiência destes trinta e quatro anos de governos piratas, vai ser canja...

O que é que interessa se o regime da Guiné Equatorial é ditatorial e não são observados os direitos humanos ? O Sr. Pinto de Sousa, que já provou ter dotes para contornar esses pequenos e insignificantes problemas a nível caseiro, logo arranjará a retórica necessária para nos impingir montes de razões para desvalorizar essas banalidades. E Cavaco Silva, em tabu semi silencioso, dirá Amém !
Notas
Bitacaia - tipo de carraça africana prevalecente nas zonas de gado e aves e que se pode alojar por baixo das unhas dos pés, aí procriando e dando origem a infecções graves. Trata-se por extracção cuidadosa com alfinete ou estilete desinfectado e tendo o cuidado de não rebentar de modo a não espalhar o seu conteúdo. Também se pode tratar em Moscovo, de preferência em alturas do ano em que se espere a presença do doente em Portugal.

Veja também o artigo: Os políticos que temos...

Sem comentários: