quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Voto por correspondência dos emigrantes



Numa declaração à comunicação social, que não tinha tema anunciado e após um longo tabú letárgico de Manuela Ferreira Leite, esta lembrou-se hoje repentinamente de que o PS tinha apresentado em Julho um projecto de alteração da lei eleitoral para a Assembleia da República sobre o voto por correspondência dos emigrantes.
Trata-se de um tema de carácter "cinegético" pois o problema tem por base a existência de uma «coutada» de emigrantes onde o PSD costuma normalmente caçar quase todos os votos e onde o «caçador maioritário actual» pretende praticar também o desporto, ou evitar que alguém venha a caçar muito mais do que ele.
O método tradicional de caça previsto até agora consiste em permitir aos emigrantes que votem por correspondência, sem um verdadeiro controle deste tipo de voto. O resultado prático de anos de aplicação tem dado sempre a vitória ao PSD, dando a este partido os deputados pela emigração que a lei prevê.
Não se vislumbrando no horizonte uma alteração brusca da opção «tradicional» dos emigrantes, até porque as notícias sobre os «brilhantes sucessos» do País em todas as áreas chegam hoje a todo o lado, e dado que a situação prevista para as próximas eleições antecipa uma luta "taco" a "taco", o PS pretende eliminar a possibilidade do voto por correspondência através de um projecto de alteração que só implica uma maioria simples na votação.
Independentemente dos propósitos mais ou menos «inconfessáveis» dos dois partidos em causa, que no fundo acabam por constituir a grande equipa de caça designada por "Bloco Central", ou "Grande Centrão", e que para «inglês ver« mostram os dentes arreganhados um ao outro, a verdade é que efectivamente um tipo de voto como o que vem sendo praticado não é consentâneo com os princípios de rigor e liberdade previstos na Constituição.
Claro que, desta vez aínda mais desonesta intelectualmente do que o Sr. José de Sousa (se é que isso é possível !!!), Manuela Ferreira Leite referiu que o voto por correspondência dos emigrantes "é talvez o triplo" do voto presencial e acusou os socialistas de agirem com "objectivos políticos no sentido de distorcer o resultado das eleições dos deputados da Europa e de fora da Europa na medida em que passam a ser deputados eleitos com meia dúzia de votos". E disse aínda:
"Desde já afirmo que o PSD se opõe a esta alteração, que votará contra e que apelará a todas as instâncias para que esta lei não prossiga. Uma lei destas não pode ser aprovada".
Ora vejam lá como estão desavindas as »comadres»...

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