quarta-feira, 6 de julho de 2011

A realidade sobre a TAP que não é dita aos portugueses pelos média



É esta a Companhia Aérea Portuguesa
que o «Estado a que isto tudo chegou»
quer vender ao desbarato por imposição
das agências de notação financeira, sob
os auspícios da "troika" FMI/BCE/CE




A TAP E O ESTADO PORTUGUÊS

Nesta altura em que se especula sobre tudo, onde aqui e ali vêm ao de cima algumas verdades, e onde alguma comunicação social teima em muitos casos na mentira ou na ligeireza da informação, para bem da verdade e porque se trata de uma das empresas portuguesas com mais prestigio nacional e internacional e curiosamente uma das maiores exportadoras, será necessário realçar o seguinte:

O Jornal das Comunidades nº C93/12 publicou em 30/03/1994 a Comunicação da Comissão "relativa à recapitalização programada para a TAP" onde se dava a conhecer que, a partir desse momento, o seu único accionista ficava impedido de conceder qualquer ajuda à transportadora nacional, que vive desde então exclusivamente dos fluxos financeiros que tem sido capaz de gerar para fazer face aos compromissos com os seus clientes, com os fornecedores, com os seus trabalhadores e, naturalmente, com o Estado português.

Mesmo as chamadas "indemnizações compensatórias", aplicadas no âmbito do serviço público às Regiões Autónomas, passaram a ser ajudas aos residentes naquelas zonas do País e não às companhias que operam para os Açores (a Madeira deixou de estar abrangida após ter sido efectuada a liberalização do espaço aéreo para a região).

E, no entanto, quase todos os dias vemos, ouvimos e lemos opiniões na comunicação social que se referem à TAP como se ela fosse um fardo para o "erário público". E não o é, pelo contrário. A TAP, pelo facto de o seu capital ser 100% público, até está em condições de desvantagem face às suas concorrentes, cujos accionistas não sofrem qualquer inibição em tomar as medidas de ordem financeira que entenderem.

A realidade dos números não oferece dúvidas: a TAP não recebe nada do Estado há 13 anos e aínda gera todos os anos uma apreciável receita líquida para os cofres públicos.

Só em 2009 foram 198.734.297,50 euros, relativos a impostos e contribuições para a Segurança Social.

É verdade que uma mentira muitas vezes repetida acaba por se transformar em alegada verdade para quem ignore a situação ou se esteja «nas tintas» para a mesma. Mas, neste caso, trata-se de uma verdade que, mesmo que tenha sido já muito repetida, continua a ser escondida dos contribuintes e que é imperioso dar a conhecer.

Para além do mais, e por uma questão de ética e moralidade, há que recordar alguns factos da história da TAP, aínda "Transportes Aéreos Portugueses" e depois "Air Portugal", que a maior parte dos portugueses de hoje desconhece ou faz por ignorar e que constituem até património histórico e cultural do País Europeu que pretendemos um dia vir a ser, uma vez que infelizmente actualmente nos incluem no grupo dos chamados PIG´s.

Assim, e pedindo-vos desculpa pela necessidade de ser algo exaustivo, gostaria de recordar o seguinte:
  • A TAP foi constituida em 14 de Março de 1945 por iniciativa estatal como empresa com a característica de "companhia de bandeira" portuguesa, passando a ser privada em 1953 e nacionalizada em 1975; 
  • Nesses tempos, e nos mesmos moldes, nasceram a maior parte das companhias aéreas europeias;
  • A partir de 1967 a TAP passou a ser a primeira companhia aérea europeia a operar exclusivamente com aviões a jacto.
  • Portugal, ao contrário dos outros países europeus, foi sempre um País exportador de carne humana, primeiro não qualificada e agora num misto do mesmo e de jovens qualificados em busca de melhor sorte do que aquela que os diversos governantes desde o fim da ditadura lhes têm proporcionado;
  • Neste momento estima-se que, em números redondos, a população residente no «rectângulo» e ilhas seja da ordem dos 10 milhões de almas e que estejam emigrados por todo o mundo cerca de outros 5 milhões. A enormidade desta constatação de que cerca de 1/3 da população total está emigrada é esquecida ou «faz-se de esquecida» pela grande maioria da população residente neste fim do mundo, muito pelo sentimento de inveja relativamente a quem singra lá fora de que já Luis de Camões acusava os compatriotas seus contemporâneos;
  • Após a revolução de 25 de Abril de 1974, e pelo facto de o País não dispôr de moeda estrangeira suficiente para garantir o equilíbrio da sua balança externa, a TAP foi utilizada para a captação de divisas a bel prazer dos governantes da altura;
  • Como esses governantes, em vez de negociações sérias que acautelassem os interesses quer do País quer dos portugueses aí nascidos e/ou emigrados, decidiram oferecer «de bandeja» a independência a todas as então chamadas "colónias", numa espécie de fuga cobarde que não dignifica quem se vangloria de «ter dado novos mundos ao mundo», lá foi a TAP convocada para evacuar cerca de 500.000 residentes nessas diversas partes do globo, sem qualquer contrapartida financeira. Os voos de ida e volta a Angola e Moçambique, por exemplo, chegavam a durar 24 horas e esse era o tempo de trabalho contínuo que as respectivas tripulações faziam. Para memória futura, que certamente à maior parte da população actual completamente embrutecida e amorfa nada interessará, é preciso dizer-se que os aviões descolavam desses locais em condições que hoje em dia seriam de todo proibidas ou seja, com passageiros dentro das casas de banho, sentados ou deitados nos corredores dos aviões, etc.;
  • Por outro lado, nenhum dos ditos governantes se preocupou pelo facto de nesses vários locais agora independentes ter ficado imenso património da TAP, quer financeiro quer imobilizado, o que fez com que a Companhia fosse obrigada a transportar «ad eternum» um passivo enorme cujos resultados de exploração seriam sempre impossíveis de cobrir quer a curto, quer a longo prazo. Até porque, pelo meio, houve a primeira crise petrolífera que obrigou inclusivamente à venda dos 4 Boeing 747-200 que a Companhia possuia e eram a sua joia da coroa.
  • A título de exemplo para os actuais ignorantes, cada um desses aviões pagos a pronto na altura pelo (des)governo do «botas», custou um pouco menos de metade da Ponte dita então Salazar e agora 25 de Abril - 700.000 contos;
  • Vendido o ouro que o «botas» tinha acumulado no Banco de Portugal em vez de o investir no desenvolvimento do País (ao contrário do ditador da altura aqui ao lado), lá continuou a TAP a servir para a captação de divisas e para alimentar toda a espécie de «contabilidade criativa», como agora se diz e os desvarios das suas diversas Administrações politicas;
  • Ao mesmo tempo, os mesmos ignorantes,  embrutecidos e amorfos, que se não coincidem com a totalidade da população são pelo menos os 41,93% de abstencionistas nas últimas eleições legislativas, dividiam-se alarvemente entre duas opiniões - Portugal não necessitava de maneira nenhuma de uma «companhia de bandeira» ou Portugal necessitava inquestionàvelmente de uma «companhia de bandeira» pois ela era o veículo cultural e unificador da nossa diáspora e a projecção do nosso País no mundo;
  • Presumo que, como é costume com os sempre habituais "fifty/fifty" portugueses, o povão aínda se encontre neste estágio civilizacional.
E É ESTA A COMPANHIA AÉREA QUE O ESTADO QUER VENDER POR 10 TOSTÕES DE MEL COADO, enquanto mantém a CP, a REFER, os METROS DE SUPERFÍCIE DO PORTO e de ALMADA, bem como os institutos públicos que para nada servem como a ANACOM, ERSE, AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA, etc.

Sem comentários: