terça-feira, 26 de julho de 2011

Coincidências...

Talvez tenha visto mal mas não me apercebi de que, como vem sendo feito na Net, algum jornal se tenha ainda interrogado sobre a sucessão de três notícias em pouco mais de dois meses que, isoladas, talvez só tivessem lugar nas páginas de Economia mas que, juntas, e com um director ou um chefe de redacção curiosos de acasos, até poderiam ter sido manchete.

A primeira, de 16 de Março, a da renúncia - dois anos antes do termo do seu mandato - de Almerindo Marques à presidência da Estradas de Portugal (para que fora nomeado em 2007 pelo então ministro Mário Lino), declarando ao DE que "no essencial, est[ava] feito o [s]eu trabalho de gestão".

A segunda, de 11 de Maio, a de uma auditoria do Tribunal de Contas à Estradas de Portugal, revelando que, com a renegociação de contratos, a dívida do Estado às concessionárias das SCUT passara de 178 milhões para 10 mil milhões de euros em rendas fixas, dos quais mais de metade (5 400 milhões) coubera ao consórcio Ascendi, liderada pela Mota-Engil e pelo Grupo Espírito Santo. Mais: que dessa renegociação resultara que o Estado receberá, este ano, 250 milhões de portagens das SCUT e pagará... 650 milhões em rendas.

E a terceira, de fins de Maio, a de que Almerindo Marques irá liderar a alegada reestruturação da "Opway", construtora do Grupo Espírito Santo e acionista da Ascendi.

Na altura, o mais certo, porém, é que tais notícias não tivessem nada a ver umas com as outras, que a sua sucessão fosse casual e não causal (?!). Verificou-se que não, claro. Resta saber para onde foi Filipe Soares Franco, mas certamente que o próximo «tacho» compensou o seu pedido de demissão já no início do ano...
 
Contràriamente ao que agora acontece com a passagem de deputados e elementos do Governo para a esfera privada após os seus mandato, que está condicionada, o mesmo não acontece com os designados «gestores públicos» que são comprados pelo sector privado, à semelhança dos jogadores de futebol, pela ligações e compadrios que criaram ao longo da sua actividade no sector público, normalmente ruinosa.
 
Em Inglaterra, um dos bons exemplos a citar, os «gestores públicos» são responsáveis pessoalmente pelos resultados da sua gestão e sai do seu próprio bolso o prejuizo considerado de sua responsabilidade. Por cá reina a inimputabilidade!
 
No País dos compadrios e trocas de favores impunes face a uma justiça moribunda mas bem paga e cheia de benesses de que não abdica, qual Alberto João no seu «Reino das Bananas», acho que já ninguém acredita em coincidências mas que se está «BORRIFANDO» para tudo o que se passa à sua volta.
 
E parece que são cerca de 10 milhões! 

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